Paralelamente as mudanças ocorridas, o profissional dermatologista passou a ser valorizado, pelo avanço das pesquisas na área da cosmiatria e a crescente busca desmedida pela beleza, em contaposição ao raciocínio clínico. (Gontijo, 2006). O que se vê hoje, é uma desvalorização da Dermatologia clínica em prol da Estética, sendo essa desvalorização iniciada desde a graduação.
As escolas de Medicina no Brasil não valorizam o ensino da área da Dermatologia, apesar da demanda dos alunos e da prática clínica.
Lamentavelmente, contudo, muitos aproveitam tais oportunidades para a promoção pessoal. O que passa pela cabeça do leigo ao ver o dermatologista posar ao lado do seu carro importado do ano ou exibir seu closet repleto de sapatos e roupas de grife? Uma imagem de sucesso, sem dúvida, já que esses valores são erroneamente levados em conta como sinônimo de competência profissional. Mas o pior risco é o de sermos reduzidos aos olhos do público a médicos frívolos, profissionais que se ocupam apenas de detalhes de embelezamento. A dermatologia não pode, definitivamente, se deixar estigmatizar como uma especialidade restrita a procedimentos estéticos. Deve manter sua identidade clínico-patológica, razão maior de sua existência, como de resto de qualquer outra especialidade médica.
A banalização do ato médico, com pacientes expostos em programas de televisão para a demonstração de novas técnicas de tratamento, é uma das grandes responsáveis pela deturpação da especialidade. Transmite-se, falsamente, a idéia de que os atos são simples, podendo ser realizados em qualquer ambiente e sob quaisquer condições. Assim, não pode causar estranheza o fato de que algumas dessas modalidades terapêuticas já sejam oferecidas até mesmo em salões de beleza. Se não valorizarmos nossa especialidade, ninguém o fará por nós.
A dermatologia, sendo a pele o maior órgão do corpo, apresente mais interfaces com outras especialidades do que qualquer outra área médica. E como decorrência de nossa expansão como especialidade, passamos a atuar em segmentos anteriormente restritos à cirurgia plástica ou cirurgia oncológica, para ficar apenas nesses dois exemplos. A mesma dermatologia, que em um passado não tão remoto queixava-se da invasão de outros especialistas, meros prescritores de "creminhos e pomadinhas", estendia agora seus tentáculos, ampliando seus domínios.
A resposta das demais especialidades não se fez esperar. Ao reluzir como ouro em um cenário de devastação, a dermatologia se viu invadida por egressos de várias outras especialidades médicas. Muitos dos alunos que se matriculam nos famigerados cursos de fim de semana são ginecologistas, pediatras, endocrinologistas e anestesistas, entre outros. Que razões os levam a tal atitude?
O CFM e a AMB reconhecem 59 especialidades, dentre elas a dermatologia e suas três áreas de atuação: cirurgia dermatológica, hansenologia e cosmiatria. Inexiste, portanto, a tão propalada especialidade"medicina estética". Embora desprovida de existência legal, a medicina estética, na prática, é exercida por muitos, médicos e não-médicos. Em alguns casos, sabe-se lá como.
A sociedade deve ficar atento aos profissionais que atuam na área da Dermatologia, principalmente, na área da Estética. Certifique-se da formação deste profissional e não confie nas propostas milagrosas.
fonte: Anais Brasileiro de Dermatologia
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