Queridos visitantes,
Este blog está direcionado a informação sobre problemas ambientais e de saúde. Recebo muitos posts pedindo ajuda mas infelizmente não é possíve realizar "consultas virtuais". Mandem suas dúvidas mas não me peçam orientação de tratamento. Tentarei ajudar até o limite da ética. Obrigada

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Abuso de alcool, tabaco e drogas


O consumo de álcool, tabaco e outras drogas está presente em todos os países do mundo. Mais da metade da população das Américas e da Europa já experimentou álcool alguma vez na vida e cerca de um quarto é fumante.
O consumo de drogas ilícitas atinge 4,2% da população mundial.
A maconha é a mais consumida (144 milhões de pessoas), seguida pelas anfetaminas (29 milhões), cocaína (14 milhões) e os opiáceos (13,5 milhões, sendo 9 milhões usuários de heroina.
As complicações clínicas e sociais causadas pelo consumo de tais substâncias são hoje bem conhecidas e consideradas um problema de saúde pública. O tabaco foi o maior fator responsável pelas mortes nos Estados Unidos, em 1990, contribuindo substancialmente para as mortes relacionadas à neoplasias, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares, baixo peso ao nascimento e queimaduras. O aumento do consumo de álcool está diretamente relacionado à ocorrência de cirrose hepática, transtornos mentais, síndrome alcoólica fetal, neoplasias e doenças cardiovasculares. Cerca de 3% dos indivíduos que procuram atendimento de emergência com queixa de angina pectoris, no Canadá, relataram consumo prévio de cocaína. Os médicos têm facilidade para identificar e abordar tais complicações, no entanto, o uso nocivo e a dependência de substâncias psicoativas são pouco diagnosticadas. Tais categorias nosológicas são pouco abordadas durante a formação médica. O resultado é um conhecimento deficiente sobre um assunto que repercute cotidianamente em todas as especialidades médicas.
Entretanto, as inovações diagnósticas introduzidas nas últimas décadas, as investigações acerca da história natural da doença, bem como as novas técnicas terapêuticas (especialmente as intervenções breves) tornaram a dependência de substâncias psicoativas um assunto menos complexo e passível de ser conduzido por um espectro maior de profissionais. Desse modo, todos os profissionais da saúde tornaram-se fundamentais para o tratamento dos indivíduos portadores de tal condição.Boa parte dos dependentes químicos entram em contato com o sistema de saúde devido a complicações decorrentes do seu consumo. Desse modo, o médico generalista é o seu primeiro contato com a rede de atendimento. Torna-se, desse modo, fundamental para o estabelecimento do diagnóstico precoce e para a motivação destes indivíduos a buscar ajuda especializada. Eis a importância do médico de todas as especialidades para a qualidade de vida destes indivíduos.
CONCEITOS BÁSICOS
Substâncias com potencial de abuso são aquelas que podem desencadear no indivíduo a auto-administração repetida, que geralmente resulta em tolerância, abstinência e comportamento compulsivo de consumo. Tolerância é a necessidade de crescentes quantidades da substância para atingir o efeito desejado. As substâncias com potencial de abuso discutidas neste conjunto de diretrizes são agrupadas em oito classes: álcool, nicotina, cocaína, anfeta minas e êxtase, inalantes, opióides, ansiolíticos benzodiazepínicos e maconha
O conceito atual de dependência química é descritivo, baseado em sinais e sintomas. Isso lhe conferiu objetividade. O novo conceito, além de trazer critérios diagnósticos claros, apontou para a existência de diferentes graus de dependência, rejeitando a idéia dicotômica anterior (dependente e não-dependente).
Desse modo, a dependência é vista como uma síndrome, determinada a partir da combinação de diversos fatores de risco, aparecendo de maneiras distintas em cada indivíduo. Veja algumas das principais ideias:
HÁ DIFERENTES PADRÕES DE CONSUMO E RISCOS RELACIONADOS
O novo conceito dos transtornos relaciona dos ao uso de álcool e outras drogas rejeitou a ideia da existência apenas do dependente e do não-dependente. Existem, ao invés disso, padrões individuais de consumo que variam de intensidade ao longo de uma linha contínua.
Qualquer padrão de consumo pode trazer pro blemas para o indivíduo. Desse modo, o consumo de álcool em baixas doses, cercado das precauções necessárias à prevenção de acidentes relacionados, faz deste um consumo de baixo risco. Há indivíduos que bebem eventualmente, mas são incapazes de controlar ou ade quar seu modo de consumo. Isso pode levar a problemas sociais (brigas, faltas no emprego), físicos (acidentes) e psicológicos (heteroagressi vidade). Diz-se que tais indivíduos fazem um uso nocivo do álcool. Por fim, quando o consumo se mostra compulsivo e destinado à evitação de sintomas de abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar problemas sociais, físicos e ou psicológicos, fala-se em dependência.
SUPORTE SOCIAL
O suporte social é fundamental para a melhora do prognóstico dos dependentes de substâncias psicoativas. Uma investigação completa deve abordar a situação do indivíduo no emprego e na família, a estabilidade do núcleo familiar e a disponibilidade desta para cooperar no tratamento do paciente. Caso não haja tal apoio, uma rede de suporte social deverá ser organizada. O serviço social é o mais indicado para auxiliar o médico nessa tarefa.
Todo o dependente passa por estágios de motivação 

A dependência não é uma condição imutável, marcada por problema de personalidade, do qual o indivíduo estará para sempre refém. Desse modo, todo o dependente pode ser moti vado para a mudança. Motivação é um estado de prontidão para a mudança, flutuante ao longo do tempo e passível de ser influenciado por outrém.
Durante o período da vigência do consumo, o dependente de substâncias psicoativas pode passar por estágios motivacionais. Para cada estágio há uma abordagem especial. Desse modo, determinar as expectativas em relação ao tratamento e o estágio motivacional fazem parte da avaliação inicial e são impor tantes para o planejamento terapêutico do pa ciente. Os estágios motivacionais são apresen tados a seguir (Tabela 1).



O diagnóstico de dependência consiste na obtenção de três perfis básicos: 1) o padrão de consumo e a presença de critérios de dependência;
2) a gravidade do padrão de consumo e como ele complica outras áreas da vida; e
3) a motivação para a mudança.
O padrão de consumo de álcool do indivíduo é a questão central. A partir desta, pode-se notar, progressivamente, uma redução do controle sobre o consumo, invadindo várias áreas de sua vida, como perda do controle; um aumento progressivo do consumo, ou tolerância; o surgimento de sintomas de abstinência e um padrão diário de consumo, com a finalidade de evitá-los, alívio ou evitação. Avaliando outras áreas de sua vida, nota-se uma piora progressiva na qualidade e na quantidade de relacionamentos, estreitamento, e o beber invadindo cada vez mais áreas que o paciente valorizava anteriormente, como desempenho escolar, amigos, namoro, emprego. A internação voluntária parece indicar que o paciente tem alguma motivação para o tratamento. A importância de se obter esses três critérios está relacionada ao planejamento da abordagem terapêutica. Para cada indivíduo, cabem orientações específicas e atitudes médicas compatíveis com o grau de problema.
INTERVENÇÃO BREVE
A intervenção breve é uma técnica mais estruturada que o aconselhamento, mas não mais complexa. Possui um formato também claro e simples e pode ser utilizada por qualquer profissional. Qualquer intervenção, mesmo que breve, é melhor que nenhuma.
Ela está indicada inclusive para pacientes gravemente comprometidos. Quando tais intervenções são estruturadas em uma a quatro sessões, produzem um impacto igual ou maior que tratamentos mais extensivos para a dependência de álcool.
Terapias fundamentadas na entrevista motivacional produzem bons resultados no tratamento e podem ser utilizadas na forma intervenções breves. Motivar o paciente melhora suas chances de procurar e aderir ao tratamento especializado.
As intervenções breves utilizam técnicas comportamentais para alcançar a abstinência ou a moderação do consumo. Começa pelo estabelecimento de uma meta. Em seguida, desenvolve-se a automonitorização, identificação das situações de risco e estratégias para evitar o retorno ao padrão de beber problemático.
Em função da heterogeneidade e gravidade dos pacientes e seus problemas, a intervenção breve pode ser ampliada para uma terapia breve com até seis sessões. O espectro de problemas também determina que se aplique intervenções mais especializadas para pacientes com problemas graves, além de adicionais terapêuticos, como manuais de auto-ajuda, aumentando a efetividade dos tratamentos.
RECOMENDAÇÕES
Todo médico deve investigar o uso de álcool e drogas em seus pacientes, com atenção especial aos adolescentes.
Os pacientes que apresentam uso problemático de álcool e drogas devem receber orientação básica sobre os conceitos de abuso, dependência, abstinência, fissura e tratamento. Intervenções comportamentais breves, com uso de técnicas motivacionais, podem ser eficazes. Técnicas de confronto devem ser evitadas. A combinação de psicoterapia e farmacoterapia é mais efetiva. De acordo com a gravidade da síndrome de abstinência, a farmacoterapia deve ser administrada.
A família do paciente deve receber orientações e participar do tratamento. Caso o médico generalista não se sinta apto a intervir, ele deve motivar o paciente a procurar ajuda especializada, realizando o encaminhamento A seguir, deve estabelecer um sistema de referência e contra-referência para cada caso.

fonte: site Medical Service

Nenhum comentário:

Postar um comentário