Queridos visitantes,
Este blog está direcionado a informação sobre problemas ambientais e de saúde. Recebo muitos posts pedindo ajuda mas infelizmente não é possíve realizar "consultas virtuais". Mandem suas dúvidas mas não me peçam orientação de tratamento. Tentarei ajudar até o limite da ética. Obrigada

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Aedes aegypti transmite também o Vírus Chikungunya

 
 
Governo alerta para novo vírus transmitido pelo mosquito da dengue
 
O Ministério da Saúde determinou o aumento das ações de vigilância e
prevenção da febre de chikungunya [Não é febre “de”, chikungunya não é um
lugar – ljs], uma doença que até agosto nunca havia sido registrada no País.
Desde então, três casos foram confirmados. Os pacientes contraíram a doença
em viagens ao exterior. Dois são de São Paulo e um do Rio de Janeiro. Todos
tiveram boa recuperação.
 
Assim como a dengue, a febre de chikungunya é transmitida pelo Aedes aegypti
contaminado por vírus. Há casos também de contaminação provocada pelo
mosquito Aedes albopictus. Não há registro de circulação do vírus da doença
nas Américas. Mesmo assim, o Ministério da Saúde avalia ser importante
reforçar a vigilância, sobretudo diante do fato de o País apresentar grande
quantidade de criadouros do mosquito.
 
"Seria irresponsabilidade dizer que há risco zero de surto. Mas não há
necessidade de alarme nem preocupações. Tivemos três casos importados, os
pacientes tiveram boa evolução e as medidas de prevenção e controle foram
aplicadas de maneira oportuna”, afirmou o coordenador do Programa Nacional
de Controle da Dengue do Ministério da Saúde, Giovanini Coelho.
 
A doença provoca febre alta, dores de cabeça, mal-estar e dores nas
articulações. Parte das pessoas infectadas desenvolve a forma crônica da
doença, caracterizada por forte dores nas articulações, que duram entre seis
meses a um ano. “Há casos de pacientes que não conseguem escrever”, conta
Giovanini. Menos de 1% dos pacientes morre.
 
Desde outubro, o ministério se reúne com sociedades de várias especialidades
médicas para discutir o assunto. Dentro das próximas semanas, um material
informativo sobre o diagnóstico e o tratamento da doença será encaminhado
para médicos e profissionais de saúde. "Embora a doença apresente uma baixa
mortalidade, ela preocupa por sua rápida capacidade de se alastrar e
provocar surtos. Além disso, o tratamento pode ser dispendioso e demorado em
parte dos pacientes”, justificou Giovanini. 
 
O ministério não sabe qual seria o impacto financeiro de um eventual surto
no País. “A doença precisa ser melhor estudada. Há pouca precisão sobre
dados.”
 
Histórico - O primeiro foco da doença foi registrado na Tanzânia, na década
de 1950. A partir de 2004, vários registros de surtos foram identificados,
sobretudo na África e no Sudoeste Asiático. Um surto também foi confirmado
na Itália. "Nosso esforço é não deixar a doença se alastrar. Identificar
rapidamente eventuais casos importados, isolá-los e tomar as medidas de
prevenção.”
 
Para isso, o ministério usará a estrutura já existente para dengue. Os casos
confirmados no Brasil já foram notificados para a Organização Mundial da
Saúde. Dois deles (um homem de 41 anos do Rio e outro de 55 anos, de São
Paulo), apresentaram os sintomas depois de uma viagem para Indonésia.
 
A terceira paciente, uma paulista de 25 anos, esteve na Índia. De acordo com
Giovanini, a mulher é a única que ainda apresenta dores nas articulações e
está sendo medicada

fonte: site ProMED mail

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Desvalorização da Medicina - Desabafo!

Recebi um e-mail hoje com um texto escrito por um colega médico e me reconheci naquelas frases.
Ele fala de uma realidade que vivi por 10 anos de profissão e por isso desisiti da medicina privada.
Hoje trabalho para a saúde pública por idealismo, mas que tem uma realidade ainda pior com salários baixos e sem nenhuma perspectiva de melhora.
Sonho com o dia em que a saúde vai ser de fato obrigação do Estado. Acredito no programa (SUS) em que trabalho, porém na prática ainda esbarramos na "vontade política" que muitas vezes se mpstra às avessas do programa.
Quem sabe um dia seremos com em alguns países desenvolvidos, como a França, onde o médico é pago pelo governo, ele melhora de salário a medida que amplia seu conhecimento e melhora a saúde da população.

Abaixo reproduzo o texto do meu caro colega para que vocês entendam nossa realidade:


Médicos & cabeleireiros

    Há algum tempo escrevi um texto para o jornal A Folha de São Paulo, que ainda não foi publicado, mas que ilustra bem esta situação. Segue abaixo em primeira mão para o Grupo ORL-BR.


- Como está agora?
- Bem melhor.
- Precisa cuidar direitinho. Tome cuidado, ok?
- Pode deixar.
- Te vejo no mês que vem?
- Com certeza.
- Quer deixar marcado?
- Melhor não. Não quero prender seu horário. Depois eu ligo e marco com mais certeza.
- OK. Até lá!
- Até...

    Este foi meu último diálogo com um profissional que vejo quase todos os meses. Felizmente, não sofro de nenhuma doença crônica que precise de acompanhamento periódico. Nem tampouco sou hipocondríaco ou faço exames regulares com receio de algum mal maior.     Este foi apenas um fragmento de conversa com o profissional com quem corto o cabelo há mais de 10 anos.

    Saindo do salão deixei um cheque no valor de R$ 40,00 referentes ao corte e mais 10% de gorjeta, como meu pai me ensinou: 'Filho, estes profissionais ficam bem mais motivados a trabalhar, se você demonstrar satisfação'.

    Chegando ao consultório me deparo com uma situação constrangedora onde uma paciente recusava-se fornecer seu cartão do plano de saúde para ser feita a cobrança junto à seguradora, pois alegava que era retorno de consulta, onde ela apenas teria vindo para mostrar os exames que eu pedira há 2 meses atrás. Para contornar a situação, acabei orientando que não fosse feita a cobrança e que a atenderia assim mesmo. Afinal, poderia dar a impressão que eu estaria sendo mercenário ou que minha atitude não era digna de um médico com mais de 20 anos de formado. Ao deitar para dormir à noite, algo me inquietava e afugentava o sono.
    Eu pagara R$ 44,00 ao cabeleireiro e, no mesmo dia, tivera recusado pela paciente uma cobrança de R$ 34,00 referentes a uma consulta médica para avaliar alguns exames, que me orientariam na conduta frente a um diagnóstico de câncer e sua possibilidade de cura.
    No mês seguinte, voltei ao salão para cortar o cabelo com um pouco menos de entusiasmo. Considerando o investimento em formação técnica e profissional, proporcionalmente, se eu recebo R$ 34,00 por uma consulta, deveria pagar não mais do que R$ 5,00 para cortar o cabelo.
    Conversando com o Lúcio, ele me dizia que fizera um curso de 1 ano em escola de cabeleireiros, que vai anualmente a congressos para conhecer novas técnicas, novos produtos e se atualizar nos cortes da moda. Disse que tem que trabalhar até as 20 horas e também aos sábados. Realmente fiquei orgulhoso em saber que meu profissional é um sujeito atualizado.
    Novamente a inquietude me tomou de assalto e não pude deixar de me comparar ao Lúcio. Certamente ele não tem curso superior. Nem tampouco pós-graduação. No entanto, isto não o faz uma pessoa menor. Maneja muito bem a tesoura e a máquina e dá o que o cliente quer: satisfação. Valoriza seu trabalho e investe na profissão.
    Voltei a pensar em mim.
    Ele está certo. O que motiva então esta comparação entre um médico e um cabeleireiro?
 
    Vejamos: ambos temos clientes. Os dele são mais fiéis do que os meus, pois os meus vieram até mim por intermédio do livrinho do convênio. Os dele são 100% particulares. Nós dois cuidamos da saúde das pessoas, claro que ele cuida dos cabelos e eu do resto. Vestimo-nos de branco impecavelmente. Manejamos a tesoura com habilidade. Está certo que as estruturas que eu corto, normalmente, sangram e doem, mas temos que ter certa habilidade para tanto. Em alguns momentos usamos luvas e máscaras, para nos proteger e até proteger o cliente. Trabalhamos bastante. Às vezes temos que atender em 15 minutos, mas normalmente damos conta do recado, neste período. Precisamos de infra-estrutura como pias, cadeiras, telefone, secretária, agenda, café, revistas, sala de espera, etc. Pagamos impostos sobre o serviço realizado. E quantos...
    E nossas diferenças? Bem, fiz a faculdade em 6 anos, após muito estudo para enfrentar um dificílimo vestibular. Diploma em mãos, foi pra gaveta, pois nova prova era necessária para fazer uma especialidade, desta vez com funil ainda mais apertado. Mais 3 anos se foram. Aos meus 27 anos de idade, eu havia passado 1/3 deles na Santa Casa de São Paulo. Daí comecei a trabalhar como plantonista, diarista, funcionário e até professor, para finalmente montar meu próprio consultório. Clientes particulares não existem para médicos pobres mortais da minha geração. Devem estar sendo cuidados pelo IBAMA, para ver se se reproduzem em cativeiro.

    O jeito é fazer alguns convênios, pois hoje ninguém que tenha algum recurso financeiro quer ser atendido pelo SUS. E, a julgar pelas moças bonitas e pelos homens de meia idade esbanjando saúde que aparecem nas propagandas, o plano de saúde deve ser uma maravilha. Descobriram a fonte da juventude !
    Na outra ponta estamos nós, médicos de meia idade, recebendo valores que variam de R$ 18,00 a R$ 42,00 por consulta para decidir sobre a sua saúde, caro leitor. E não para por aí: se formos falar em cirurgias então, a coisa fica pior. Você pode não saber, mas se o seu plano de saúde te dá direito a quarto coletivo (enfermaria) o médico que faz a sua cirurgia recebe metade do valor combinado. Você deve estar se perguntando porquê? E nós também. Alguns exemplos: uma cirurgia comum como a amigdalectomia paga entre R$ 60 e R$ 85,00 se for plano enfermaria e, pasme, o dobro disto, se for plano apartamento. Isto você não sabia quando fez o plano, não é ? E por aí vai: apendicectomias, partos, hérnias, histerectomias, tireoidectomias pagam em torno de R$ 300 a R$ 450,00 no melhor plano.
    E você achava que seu médico ganhava bem, né ?

    E os Pediatras, Clínicos, Reumatologistas, Pneumologistas, Cardiologistas que não fazem cirurgias ? Ganham o quê ? Consultas e apenas consultas...

    Detalhe importante: cada vez que eu vou ao Lucio, eu pago. Se o paciente voltar em menos de 30 dias, o convênio não paga. Se vier uma ou dez vezes em um mês, o médico recebe apenas uma consulta. E aquela paciente não quis me deixar cobrar uma nova consulta após dois meses, para ver seus exames. Duas consultas por R$ 34,00 sai em média R $ 17,00 cada uma, fora os impostos.

    No salão do Lucio também tem manicure e pedicure. Mão e pé sai pela bagatela de R$ 30,00, mas eu não faço lá. As mulheres gastam bem mais em seus cabelos com tinturas, escovas, banhos de óleo, chapinhas, etc e nada disso sai por menos do que..... uma consulta médica. Não que não devam fazer. Acho que devem se cuidar, se enfeitarem e serem vaidosas, com moderação. Apenas quero alertar para o conflito de valores. Nem vou comentar sobre preço de depilação sob pena de entrar em profunda depressão.

    Outros serviços, como 'quick massage', tem se popularizado nos shoppings. Meia hora por R$ 30,00. Sem impostos, recibos, notas fiscais, títulos de especialista, vigilância sanitária, conselho regional, associações de classe, sindicatos e convênios. E se voltar no dia seguinte, paga de novo.

    Enfim, existe o problema e muitos médicos têm vergonha de falar sobre isto. Alguns querem manter a pose de ricos e bem sucedidos, quando na verdade estão mesmo é falidos.

    Eu deixei de atender convênios e parei de ter insônia por este motivo. Agora o motivo é outro: como vou fazer para pagar minhas contas, se todos os pacientes querem passar com o 'médico do convênio' ?

Dr. Alexandre Hamam
Otorrinolaringologista
Médico da Santa Casa de São Paulo